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domingo, 5 de abril de 2009

Comunicação?!


"Hoje temos acesso fácil à comunicação, entretanto, o que se diz é de qualidade duvidosa." Foi isso que li num profile de orkut ontem à noite. Não nego que a frase me fez pensar sobre a qualidade do que temos comunicado e de como isso tem afetado nossas relações de um modo geral.

Certamente que os meios de comunicação têm se multiplicado de forma assustadora. Todos os dias surgem novas formas de conectar-se com outras pessoas. Estamos sob uma avalanche constante de tecnologias que favorecem o contato humano, seja físico ou virtual. Não importa a natureza do encontro. O que importa é que temos estreitado caminhos ou, talvez, os caminhos continuem os mesmos, as distâncias não se alteraram, mas criamos meios magníficos que nos fazem percorrer numa velocidade impressionante esses caminhos e travarmos conversas simultâneas mesmo que não estejamos fisicamente presentes. Isso não tem nada de ruim. De minha parte, afirmo que facilitou bastante a vida.

Por outro lado, concordo com o autor da frase que abriu esse texto e penso que, embora disponhamos de meios fabulosos que facilitam o encontro entre pessoas, a comunicação nem sempre acontece como se gostaria porque destituída de interesse, envolvimento, atenção, afeição e outros fatores que colaboram com o êxito de todo e qualquer processo comunicativo que se queira humano. Se por um lado, multiplicaram-se os meios de comunicação, por outro, esvaziaram-se as estantes, os museus, os cinemas, os teatros e todos aqueles ambientes e produtos da cultura em geral que possibilitam o exercício da reflexão, da sensibilidade e dos sentimentos de civilidade. Vejo que não basta ter os meios, faz-se necessário cuidarmos daquilo que, nesse processo humanizatório, contribui para um nível de comunicação que não se restringe às palavras ditas ou omitidas, mas que assume dimensões mais amplas como a polidez, a fineza no trato e o conhecimento refinado. Sem isso, a comunicação não passa de grunhidos primitivos dos quais nada se entende e os meios uma parafernália indesejada porque cria as condições para um encontro que já se espera desqualificado.