Se não falas, vou encher o meu coração com o teu silêncio e agüentá-lo. Ficarei quieto, esperando, como a noite em sua vigília estrelada com a cabeça pacientemente inclinada. A manhã certamente virá; a escuridão se dissipará, e a tua voz se derramará em torrentes douradas por todo o céu. Então as tuas palavras voarão em canções de cada ninho dos meus pássaros, e as tuas melodias brotarão em flores por todos os recantos da minha floresta. (Rabindranath Tagore)
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terça-feira, 6 de julho de 2010
A criação poética
A criação poética é descrita nestes versos fabricados por Adriana Calcanhoto e Waly Salomão. Utilizando-se de uma metalinguagem que se constrói por recursos poéticos, os poetas delineiam o processo de criação que não dispensa a tensão e a dolorosa via do trabalho árduo que é lutar com palavras.
A FÁBRICA DO POEMA
Sonho o poema de arquitetura ideal
Cuja própria nata de cimento
Encaixa palavra por palavra, tornei-me perito em extrair
Faíscas das britas e leite das pedras.
Acordo;
E o poema todo se esfarrapa, fiapo por fiapo.
Acordo;
O prédio, pedra e cal, esvoaça
Como um leve papel solto à mercê do vento e evola-se,
Cinza de um corpo esvaído de qualquer sentido
Acordo, e o poema-miragem se desfaz
Desconstruído como se nunca houvera sido.
Acordo! os olhos chumbados pelo mingau das almas
E os ouvidos moucos,
Assim é que saio dos sucessivos sonos:
Vão-se os anéis de fumo de ópio
E ficam-me os dedos estarrecidos.
Metonímias, aliterações, metáforas, oxímoros
Sumidos no sorvedouro.
Não deve adiantar grande coisa permanecer à espreita
No topo fantasma da torre de vigia
Nem a simulação de se afundar no sono.
Nem dormir deveras.
Pois a questão-chave é:
Sob que máscara retornará o recalcado?
Você há de convir, caro leitor, que é de uma beleza inigualável. É isso.
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11 comentários:
Adoro metapoemas...
Essa busca por explicar o que é, a princípio, sensível e quase nada racional...
Esse disco também é muito bom...
Excelente análise...
Um beijo!
Olá,
Gostei, um final com pergunta psicanalítica.
Belo poema.
Um abraço
Realmente é isso, muito lindo...
Beijo!!!
reginadecoupage.blogspot.com
Pois é! Com palavras se faz o amor se faz a guerra ou o poema: matéria da matéria por inventar.
É um belo poema, sim!
Além de tudo mais, gosto muito de Adriana Calcanhoto.
Um beijo
Luciano, bom dia!!
Vim retribuir sua visita no meu blog, e entro aqui encantada.
Dar de cara com Adriana Calcanhoto, pilulas do Cazuza, Hermam Hesse e outras coisas, já me fez ganhar o dia!
felicidade encontrar seu blog.
Esse poema da Adriana é de engasgar as palavras.
Qquer comentário que eu fizer, será inútil.
Lindo blog, lindo!
Beijo!
PS: Hermann *
Luciano, obrigado pela visita ao Partitura. Primo, penso que sejamos parentes, meus avós diziam que é apenas uma árvore. hehe Torço pra que seja, gosto de exclusividades, somos pra poucos. KKKKK
Bem, sobre a postagem, Adriana e Waly são únicos. O cantar dela é quase um mantra. Adoro-a.
Abração rapaz. já estou divulgando teu blog.
Luciano Taveira,
Cheguei aqui através do Saulo, tb Taveira. Parabéns pelo blog e se quiser, visite-me no www.espacointertextual.blogspot.com
Bom passeio e, na volta, fique à vontade no InterTextual.
Po, esse cd é uma obra prima!
:)
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