
A violência adentra o ambiente escolar e responde "presente." O que antes era um fato raro de ser presenciado entre dos muros da escola, hoje é uma rotina quase naturalizada. Todas as semanas, estampam-se nos jornais manchetes, notas, notícias sobre casos de agressões sofridas por professores e alunos. O resultado disso é um clima de insegurança que acomete a todos: professores, funcionários, alunos e pais.
Durante esta semana, conversei com alunos da 8ª série do Ensino Fundamental II sobre o assunto e foi proveitoso saber que os medos desencadeados por esse ambiente hostil (mas não só) são compartilhados com aqueles que, na maioria das vezes, são atores nesse cenário que, volta e meia, abriga cenas de xingamento,empurrões, brigas, ofensas de todo tipo, ameaças etc. Durante a partilha de opiniões que concorriam para ver quem expunha primeiro, muitos alunos foram unânimes em atribuir a responsabilidade aos pais (tantas vezes ausentes da vida dos filhos). Outros, por sua vez, atribuíram a responsabilidade às autoridades que ignoram essa realidade e não efetuam mudanças fundamentais, como recuperação das escolas sucateadas e garantia de segurança através da patrulha escolar.
Longe de uma visão determinista que professa que o ambiente faz o indivíduo, acredito que o contato, sempre que possível, com a arte, leituras que favoreçam a crítica da realidade escolar, discussões em sala sobre o tema, cinema e referências humanas contribuem para amenizar os casos de violência que se multiplicam e tomam proporções preocupantes.
A população escolar e pernambucana ficou perplexa com a manchete de um jornal que trazia o caso de uma aluna da escola pública estadual que foi cruelmente agredida com socos, pontapés e cortes no rosto feitos com estilete. O rosto da adolescente, vítima da barbárie, ficou deformado após os golpes de estilete desferidos por aluna da mesma escola. Além do fato atroz, choca-nos a maneira como a Secretaria de Educação tratou o acontecimento. Na imprensa escrita e falada, era perceptível a tentativa da Secretaria em suavizar o peso e a gravidade dos fatos, quando não "tapar o sol com a peneira." Em tempos de eleição, fatos como esse devem ser silenciados para que não compromentam a imagem de governantes que fecham os olhos para uma realidade cada vez mais insuportável e com a qual professores e funcionários são obrigados a conviver todos os dias.

Vale lembrar que a violência não se produz nas escolas. Ela adentra seus muros pelo portão da frente, mas não nasce em seus pátios. O ambiente escolar é o lugar privilegiado da produção de conhecimento, socialização e desenvolvimento humano. Essa consciência deve ser exaustivamente trabalhada com os alunos. Eles têm que aprender a ler o mundo para compreender que violência e escola não combinam e que se excluem drasticamente, uma vez que atitudes de cordialidade e respeito são os parâmetros que permeiam as relações na escola e servem de base para a construção de um mundo melhor.