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terça-feira, 24 de maio de 2011

Funeral Blues


Conheci o poema Funeral Blues do W. H. Auden através de um CD do Renato Russo chamado Stonewall Celebration Concert. O CD é o primeiro da carreira solo do Renato e traz clássicos da música americana. Feito em homenagem aos 25 anos da rebelião ocorrida em Stonewall, bairro nova iorquino, esse disco apresenta uma frase do W. H. Auden que nunca esqueci: "If equal affection cannot be let the more loving one be me." Sem demora procurei conhecer vida e obra do poeta. Vasculhei sebos, garimpei na internet, e encontrei um dos mais primorosos poemas de Auden: Funeral Blues. Enquanto preparava uma aula sobre leitura, resolvi incluir o poema no último slide. Aproveitei para falar do contexto de produção do poema e, ao lê-lo com meus alunos, fui impactado de maneira diferente pelas palavras de Auden e a experiência que tive do poema não foi a mesma quando encontrei e li pela primeira vez. As palavras atingiram-me de maneira soberba e me deixaram em suspenso por um breve instante. Naquele momento, transcendi. Força sempre.

FUNERAL BLUES
Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Evitem o latido do cachorro com seu osso suculento,
Silenciem os pianos e com tambores lentos
Tragam o caixão, deixem que o luto chore.
Deixem que os aviões voem em círculos altos
Riscando no céu a mensagem Ele Está Morto,
Ponham gravatas beges no pescoço dos pombos brancos do chão,
Deixem que os guardas de trânsito usem luvas pretas de algodão.
Ele era meu Norte, meu Sul, meu Leste e Oeste,
Minha semana útil e meu domingo inerte,
Meu meio-dia, minha meia-noite, minha canção, meu papo,
Achei que o amor fosse para sempre: Eu estava errado.
As estrelas não são necessárias: retirem cada uma delas;
Empacotem a lua e façam o sol desmanchar;
Esvaziem o oceano e varram as florestas;
Pois nada no momento pode algum bem causar.

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