É noite de São João. Nas ruas, fogueiras; no ar, o som do crepitar da madeira queimando; no céu, balões e fogos de artifício iluminam a noite fria e chuvosa que debulha silêncio e nostalgia. Longe dos grandes centros que concentram multidões que se empilham para ver/ouvir a banda de forró que sacode as massas, preferi a comemoração tradicional do sítio do meu pai. Sem estruturas homéricas que abrigam shows que nada dizem e, cada vez mais, menos dizem, o sítio nos torna mais próximos do essencial: o convívio familiar, a comida típica, a brincadeira, a conversa, o silêncio, a volta. São elementos, a meu ver, fundamentais para que aprendamos a entrever nas malhas desse dia, véspera de São João, centelhas de felicidade que advêm do cotidiano humanizado porque simples e significativo.
Se não falas, vou encher o meu coração com o teu silêncio e agüentá-lo. Ficarei quieto, esperando, como a noite em sua vigília estrelada com a cabeça pacientemente inclinada. A manhã certamente virá; a escuridão se dissipará, e a tua voz se derramará em torrentes douradas por todo o céu. Então as tuas palavras voarão em canções de cada ninho dos meus pássaros, e as tuas melodias brotarão em flores por todos os recantos da minha floresta. (Rabindranath Tagore)
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