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sábado, 3 de março de 2012

O Chile e suas letras

"Os pés da manhã pisar o chão". É com essas palavras extraídas da canção de Gilberto Gil que inicio este post. Nos pés que pisam a terra estrangeira, concentra-se o desejo de conhecer e explorar espaços humanos, culturais, naturais e históricos. É com esse desejo fincado nos pés que me ponho a caminhar pelo chão chileno que carrega a ancestralidade dos índios Mapocho, a herança dos Rapa Nui e os "espíritos" dos Andes. Esses elementos servem de mote para a literatura que se produz em terras chilenas, de maneira que sua relação com a "tierra larga" é estreita e as páginas dos romances trazem esse universo que assume uma centralidade tal na pena dos escritores que é impossível entender suas palavras se não comungamos desse chão. Das terras chilenas, trouxe romances, poemas e crônicas que apresentarei sucintamente: 1)Manuel Peña Muñoz: a) Chile: memorial da tierra larga. Autor de Ayer soñé con Valparaíso, Muñoz escreve um novo livro de crônicas organizadas de norte a sul do país. Estes artigos descrevem com amenidade a geografia humana e poética do Chile. Através de um percurso literário, o autor apresenta as imagens de chilenos de distintas condições sociais e culturais, através da história mostrando sua idiossincrasia e vistos na intimidade dos seus lugares. b) Valparaíso: la ciudad de mis fantasmas. Nesse livro, Muñoz escreve sobre suas memórias que vão desde o ano de 1951 até 1971. Nelas, nos conduz pela mão pelos labirintos insondáveis de Valparaíso e nos mostra uma galeria maravilhosa de personagens que povoam essas casas fantasmas com varandas abertas ao mar.
2.Hernán Rivera Letelier: a) Mi nombre es Malarrosa. Nessa novela, o autor narra com humor e compaixão outro ângulo da épica dos homens e mulheres do "salitre", na dureza de um mundo que, nos últimos tempos, está prestes a desaparecer.
3. José Donoso: a)La desesperanza. Donoso nasceu em Santiago, Chile, em 1924. Estudou na Universidade do Chile e em Princeton, Estados Unidos. Entre 1967 e 1981 viveu na Espanha, onde escreveu algumas de suas novelas mais importantes e se consolidou como uma figura central do boom latinoamericano. José Donoso Morreu em Santiago do Chile, em dezembro de 1996.
4.Germán Marín: a) Últimos resplandores de una tarde precaria. Esse conjunto de relatos, selecionados da obra publicada de Marín, como também de sua produção inédita, é o espelho de uma realidade imaginada que, construída à base da fragmentos do mundo vivido, tanto ontem como hoje, ajuda a formar certo espetáculo da condição humana. 5. Pablo Neruda: a) Los versos del Capitán. Os amantes ocultos - Pablo e Matilde - sabem dos inconvenientes para declarar à viva voz esse sentimento que os une e, a despeito dos impedimentos, se refugiam na Ilha de Capri. Assim, o Capitão não dirá ser o autor desses versos míticos(para não causar com sua felicidade a dor de outra pessoa)e, por dez anos, esse livro será um "filho natural, não reconhecido."
Por meio dessas letras, é possível acessar o universo mítico e imaginário dos chilenos, suas dores, sonhos e lutas. É possível, acima de tudo, estabelecer relações com o fim do mundo. É isso. *Os comentários que aparecem após o título dos livros foram traduzidos do original em espanhol.