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quinta-feira, 25 de outubro de 2007

LEITURAS


Hoje voltei do colégio acompanhado da recordação insistente de alguns livros que li. Na ocasião, lembrei que algumas leituras foram determinantes na construção da minha história pessoal. Algumas, em particular, estimularam decisões e/ou modelaram minha consciência. A bem da verdade, eu sou os livros que li. E não foram poucos...

Os personagens e as tramas do alemão Herman Hesse influenciaram-me sobremaneira. A inquietação espiritual e material dos seus personagens eram, na época, também as minhas. Há um desejo constante nas personagens de Hesse de desbravar mundos, conhecer-se e reconhecer-se nas experiências que travam e no contato com o outro. Por isso, o personagem hessiano é alguém que se move, se desloca, porque o conhecimento de si requer o contato com a exterioridade, com o entorno. Mas esse deslocamento não se dá apenas objetivamente, mas subjetivamente, uma vez que é no diálogo, luta e confronto interior que fazemos a experiência daquilo que nos orienta e impulsiona: o desejo. O trajeto que conduz à libertação pessoal é feito de um equilíbrio que desmorona para ser reconstruído num novo patamar de consciência de si mesmo, do outro, do Mistério e do seu lugar no mundo. A leitura de Herman Hesse, um defensor inflamado da liberdade pessoal, fez com que eu tivesse a força e a coragem de caminhar por entre os vales e pântanos que me fazem.

O inglês Oscar Wilde é um escritor dono de uma maneira única e inconfundível de escrever. As reflexões filosóficas que perpassam sua obra não passam despercebidas pelos olhos e mente do leitor. A cada questão colocada, o leitor pára e volta-se sobre si num movimento contínuo de introspecção reflexiva sobre aspectos fundamentais da condição humana. Wilde elegeu a trangressão como personagem principal da sua obra, e o culto a essa entidade sagrada é o pilar que sustenta a beleza da sua arte literária.

Enquanto escrevo, sou assolado por inúmeras lembranças literárias, de modo que poderia citar Rainer Maria Rilke e sua solidão que atravessa as páginas dos seus escritos, Morris West e suas lutas ideológicas, Thomas Mann e sua preocupação com a palavra adequada, Balzac, Umberto Eco e o francês Exupéry.

Por fim, lembro de Clarice Lispector. A obra clariceana ainda me acompanha e, sempre que possível , leio seus livros cujos sentidos não se esgotam numa primeira leitura. Sua obra é uma mina que quanto mais explora-se, mais ouro dá. Clarice, através da palavra, descreveu a condição sagrada do humano e elevou os conflitos cotidianos à condição sublime de verbo que se faz significado.

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