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quarta-feira, 13 de julho de 2011

A modernidade por Arnaldo Jabor


Achei fantástico este texto do Arnaldo Jabor publicado no Jornal do Comércio no dia 12 de julho. No texto, Jabor critica a produção cultural recente que circula no ciberespaço e a compara com a produção de décadas atrás. O texto verte nostalgia, mas sacoleja os cérebros e cutuca os produtores de cultura deste país.

Ando com fome de "universais". A frase é ridícula, mas ando mesmo. Não estou aguentando mais a celebração dos fragmentos, das irrelevâncias como portas da percepção para novas visões de mundo. Quero "sínteses", sim, caminhos mais claros a seguir sobre o Brasil como nos bons e velhos tempos. Ouço neste momento jovens filhos da web, os hackers da arte rindo de mim. Danem-se, tuiteiros... Por isso, lembro a frase de Drummond: "Cansei de ser moderno, quero ser eterno...". ("frase manjada", dirão meus inimigos...); tudo bem, mas eu quero o manjado, o óbvio, eu quero a volta do tempo em que alguma "síntese", mesmo ilusória, nos era oferecida. No cinema então, não aguento mais ver a gostosa adesão de tantos filmes brasileiros a fórmulas cada vez mais escrotas do cinema americano atual, feito de 3D, porrada, vampiros, comediazinhas românticas de bosta, tudo sempre com orquestras tocando plágios de Stravinski e outros (quem diria, hein? Beethoven só serve hoje para musicar os Transformers).

Falo isso porque, ontem, eu revi uma obra-prima: Written in the Wind (Palavras ao Vento) do Douglas Sirk, um filme de 1955 com Rock Hudson, Lauren Bacall e Dorothy Malone. Genial. E aí, dá para ver como os filmes "comerciais" antigos eram muito melhores que essas bostas de hoje, pelas quais o público pós-utópico baba... Palavras ao Vento foi feito com o exclusivo desejo de faturar uma grana, como Cantando na Chuva ou Sunset Boulevard e tantas obras geniais.

Hoje é essa merda que está contaminando o cinema brasileiro e dividindo-o em blockbusters filhos da última safra americana e em filmes que jamais serão vistos, com cineastas se enganando em pequenos festivais, na ilusão digital de que serão vistos para sempre na web - a nova forma de viver numa sociedade sem carne nem osso. Na maioria dos filmes americanos de hoje, os produtores nem se preocupam mais com o babaca do diretor e não deixam sobrar nem um leve resquício de arte invadir seus diagramas para faturar. O negócio é que minha geração sonhava com respostas para o mundo e não pode se contentar com mixarias, pequenos tweets, piadinhas inúteis e filminhos sem talento, só porque estão na rede e são os arautos de um novo tempo de irrelevâncias. [...]
Texto completo disponível em: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110712/not_imp743625,0.php

Um comentário:

Rômulo Cézar Souza disse...

Luciano, tudo bem? Como sempre, ótimas as postagens do blog.

Abraço, meu caro! Muita paz!