Total de visualizações de página

terça-feira, 25 de dezembro de 2012


A Cult deste mês traz uma entrevista com o poeta Manoel de Barros que descreve assim os paradoxos do andarilho:
"Do lugar onde estou já fui embora. Andar é um dom da inércia. Eu tenho um dom de traste atravessado em mim. Como trovão eu sou... levado a sério. Quero não falar até chegar ao silêncio dos vermes. Um pingo de sol na formiga fica maior que o mar. Sou muito concorrido de bobagens. Eu só ando por dentro de mim; se fui em outro lugar foi para me ver. Não saio de dentro de mim nem para pescar. Ando mais por dentro de mim do que na estrada.Passarinhos existem para dar movimento ao entardecer.Eu me recolho no abandono para ser livre. Desenharam nas pedras meu silêncio.Uma árvore que eu vi dava borboleta em vez de flor. Só o cinzento de uma tarde me amanhece. Mexer con gratuidades me enriquecem." Ao fim da leitura, só vertigens.



Nenhum comentário: