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terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Excerto


Estou cansado e com sono. Por isso, evitarei delongas no post de hoje.
Meu quarto traz um cheiro permanente de livros. De todos, o melhor. A explicação para ler com avidez está nesse cheiro que me fascina e arrasta. Enquanto organizava minha biblioteca pessoal encontrei um livro de Rainer Maria Rilke, "Cartas a um jovem poeta", que despertou particular interesse em reler algumas páginas que li quando contava dezoito anos. Após folhear páginas e passar capítulos com pressa, deparei-me com o trecho que oportunizo:

"Um tal progresso transformará a vida amorosa, hoje tão plena de erros (e isto mau grado o homem que, de início, será ultrapassado). O amor deixará de ser o comércio de um homem e de uma mulher para ser o de duas humanidades. Mais próximo do humano, será infinitamente amável e cheio de atenções, bom e claro em tudo o que realizar ou desfizer. Este será o amor que, combatendo duramente, agora preparamos: duas solidões que se protegem, se completam, se limitam e se inclinam uma para a outra. Isto, ainda: não pense que o amor que conheceu na adolescência se tenha perdido. Não foi ele que fez crescer em si aspirações ricas e fortes, projetos de que ainda hoje vive? Tenho certeza de que esse amor apenas sobrevive, tão forte e tão poderoso na sua lembrança, pelo motivo de ter sido a primeira ocasião de estar só no mais profundo de si mesmo, o primeiro esforço interior que tentou na sua existência".

As palavras ainda fazem eco na minha cabeça: "duas solidões que se protegem, se completam, se limitam e se inclinam uma para outra". Bem, agora vou dormir. Pensem nisso!

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