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quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

DESUMANIDADE...


Com esta poesia de W.H. Auden homenageio João Hélio Fernandes, 6 anos, vítima da violência urbana. É com pesar que reconheço a estagnação na evolução civilizacional da nossa sociedade. Alguns, sequer deram um passo significativo da condição de hominídeos para a de humanos. O processo hominização-humanização simplesmente não ocorreu para aqueles que cometeram tamanha monstruosidade. Hoje, vou dormir perplexo com o grau de involução dos meus contemporâneos. Mas eu sei que um dia a gente aprende...
As flores são para você, João, que teve a vida abreviada da maneira mais estúpida e desumana. Que a vida lhe sorria em outro lugar, quem sabe, mais divino por que humano.


Blues Fúnebres

Que parem os relógios, cale o telefone,
jogue-se ao cão um osso e que não ladre mais,
que emudeça o piano e que o tambor sancione
a vinda do caixão com seu cortejo atrás.

Que os aviões, gemendo acima em alvoroço,
escrevam contra o céu o anúncio: ele morreu.
Que as pombas guardem luto - um laço no pescoço -
e os guardas usem finas luvas cor-de-breu.

Era meu norte, sul, meu leste, oeste, enquanto
viveu, meus dias úteis, meu fim-de-semana,
meu meio-dia, meia-noite, fala e canto;
quem julgue o amor eterno, como eu fiz se engana.

É hora de apagar estrelas - são molestas -
guardar a lua, desmontar o sol brilhante,
de despejar o mar, jogar fora as florestas,
pois nada mais há de dar certo doravante.

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