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sábado, 14 de janeiro de 2012

Crônicas de um viajante em Santiago do Chile

Deixei Mendoza/Ar às 13h30. Nao foi sem um leve peso no coraçao que deixei as terras argentinas. Experiências que se acumulam na memória e descobertas que me acompanham fizeram com que nascesse um vínculo com aquele povo e sua cultura. Na Argentina, aprendi, entre outras coisas, que a arte pode alargar a consciência, moldá-la, de maneira que novas atitudes de responsabilidade, respeito, cuidado e compaixao nascem desse contato com as manifestaçoes artísticas. Lembro bem que em Rosario encontrei um monumento dedicado aos perros (cachorros). No alto de uma base de cimento, a estátua de um cachorro que lembrava aqueles bustos que no Brasil só se erguem para homenagear pessoas ilustres (algumas nem tao ilustres assim...). Esse "busto" é dedicado aos cachorros de rua. Isso mesmo! Cachorros de rua que sao cuidados pela prefeitura. Fiquei impressionado e convicto de que as pessoas, ou melhor, a consciência daquele povo, era diferente. Viajei pela empresa Cata que me cobrou algo em torno de $190 pesos pela passagem. Refiz o caminho pela cordilheira que havia visitado no dia anterior. Tudo estava muito bem até chegarmos na Aduana que inspeciona os ônibus e documentaçao dos passageiros antes de entrarem no Chile. Passamos nesse lugar nada amigável aproximadamente duas horas e meia. Foi tenso. Seguimos viagem por território chileno e a paisagem até Santiago era deslumbrante. Montanhas, colinas, vegetaçao, riachos, rios, e neve emolduravam nosso caminho. Logo que entramos no Chile, começamos a descer as montanhas e curvas que nao acabavam e pareciam querer amedrontar. Mas as curvas nao foram suficientes para amedrontar os viajantes, entao, de quebra, ainda tínhamos precipícios que beijavam a ruta (estrada). De repente, medo e deslumbre se misturam na gente e a fotografia nos serve como meio de catarse. Libertados pela fotografia e/ou filmagem, seguimos nosso caminho. Nos bancos de trás, viajantes brasileiros gritavam excitados: "Solta a embreagem!¨ Brasileiros sempre fazendo um barulho, uma algazarra. Faz parte do nosso show... rs
Quando chegamos em Santiago, tivemos um problema com um engarrafamento perto da rodoviária, de maneira que cheguei ao apartamento de Viviana às 23h. Bem recebido e bem acomodado, cuidei em descansar pois tinha um dia todo pela frente para explorar Santiago. Depois de ficar milionário...Nao está acreditando? No Chile fiquei milionário, pois aqui, além de circularem notas de $5, $10, $20 pesos, circulam também notas de $1.000, $2000, $5000. Quando saí da casa de câmbio e abri as notas, pensei que haviam errado e quase voltei para devolver. Foi assim que entrei milionário no Chile ... A triste verdade de tudo isso é que alegria de pobre dura pouco e, quando fui pagar o taxista que ouvia sem parar: "menina, menina, assim você me mata/Ai se eu te pego/Ai, ai se eu te pego", tive que desembolsar $6.000. Nao pense você que isso aqui vale muita coisa,porque nao vale. Ontem conheci o centro de Santiago e pude comparar Santiago a Buenos Aires. As pessoas de Santiago nao expoem toda aquela elegância que as de Buenos Aires fazem questao de expor. Em vez de uma elegância ao molde europeu, traços indígenas (que também têm sua elegância)sao exibidos pelas pessoas simples e trabalhadoras que percorrem as ruas de Santiago. No centro, conheci a Praça das Armas que traz em suas organizaçao a marca dos espanhóis, uma vez que distribui em seu espaço uma igreja, Correios, um órgao do governo e um museu. Batendo perna pelo centro, encontrei o Palácio da Justiça, o Teatro Municipal, igrejas históricas, a Biblioteca Municipal, praças, a Bolsa de Valores e outras tantas maravilhas que Santiago consegue manter intacto apesar dos terromotos.
À noite, saí com Viviana e fomos ao Bela Vista. Durante o passeio noturno, Viviana mostrou-me o Museu de Belas Artes, o Museu de Artes Visuais e a casa de Pablo Neruda. Depois sentamos num barzinho e tomamos uma cerveja que traz nome alemao, mas é fabricada no Chile. Hoje voltei ao Bela Vista e fiz uma visita guiada pela casa do Pablo Neruda. Há a identidade do Neruda pulsando naquela casa. Foi muito bom encontrar fotografias e matérias de jornal que traziam Neruda, Vinicius de Moraes e Jorge Amado. Fiquei sabendo também que o poeta Thiago de Mello mantinha uma relaçao estreita com Neruda e foi seu tradutor no Brasil. Em seguida, subi um mirante de bondinho (aqui se dá outro nome, mas nao lembro agora). No alto do mirante, um zoológico, piscinas e um santuário. Uma visao panorâmica da cidade é possível desse lugar. Para finalizar a jornada de hoje, visitei o Museu de Belas Artes que, além das clássicas esculturas, apresenta exposiçoes de artistas locais. Bem, por hoje é só. Só mais uma coisa: a imagem abaixo mostra a visao que se tem de Santiago do alto do cerro ou mirante.

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