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quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Crônicas de um viajante em Santiago e Valparaiso

O povo chileno tem suscitado muitas impressoes seguidas de perguntas que espero respondê-las a partir de um olhar que se volta, por um lado, para o cotidiano e, por outro, para a literatura, a música e o cinema produzidos aqui. Tenho conversado com muita gente, ouvido muitas histórias e visto um panorama amplo e múltiplo que mais parece uma colcha de retalhos costurada com a linha da esperança e otimismo. Chilenos convivem com diversas condiçoes climáticas e ambientais que se estendem ao longo do país. Vivem sob a sombra dos terremotos que assombra suas vidas, embora prefiram viver como se nao existisse e, por isso, nao falam neles desde que nao sejam questionados. Ontem, conversando com um cineasta enquanto comprava o filme chileno "Machuca" do diretor Andrés Wood, fiquei sabendo que o Chile ainda vive sob os resquícios de uma ditadura que censura produçoes artísticas que denunciam as arbitrariedades do governo atual. Durante a conversa, disse-me que a película que estava levando nao seria encontrada facilmente em Santiago porque era uma película censurada pelo governo. Devido a essa censura, o filme nao podia ser exposto na vitrine, mas escondido entre outros filmes que ficavam por trás do balcao da loja. Viviana também me confidenciou que o governo intenta mudar o termo "Ditadura Militar" por "Governo Militar". Essa é uma maneira de dissimular a opressao infligida ao povo chileno. A universidade pública é paga e paga-se muito dependendo do curso que se quer fazer. Isso produz uma profunda desigualdade social no país que privilegia com o conhecimento uma pequena parcela da sociedade que tem condiçoes de pagar os estudos. A mídia tem divulgado as muitas mobilizaçoes que os estudantes têm realizado, a fim de que a universidade pública seja gratuita e de excelência. No Chile há muitos peruanos que se acomodam nos bancos das praças ou trabalham pesado em seus restaurantes que oferecem um cardápio tipicamente perurano. Em Santiago, aproveitei para provar a culinária peruana e, se estivesse no programa da Ana Maria Braga, passaria embaixo da mesa, sem dúvida. A arte chilena tem uma coloraçao e um contorno próprio de um povo que foi colonizado ou recebeu em seu território tantos outros povos que construíram esse país. Em suas características multiculturais, abriga diferentes segmentos e produz um modo bastante particular de ler, compreender e expressar sua visao de mundo por meio da música, da literatura, do folclore etc. Hoje cheguei em Valparaiso e estou muito deslumbrado com o que encontrei aqui. Essa cidade tem alma e tem identidade. O nascimento de Valparaiso data da primeira metade do século XVI e, recentemente, foi reconhecida como Patrimônio Histórico da Humanidade. Cercada de serras e contemplada por um clima próprio a cidades serranas, Valparaiso foi invadida por artistas que se apresentam em suas ruas estreitas e dao vida a uma cidade que já teve 40% das suas construçoes destruídas por um terremoto ocorrido em 1906. Ao percorrer a cidade, encontrei um dupla de mulheres que tocava tango romântico e parei sob o céu-azul-felicidade para avistar o mar-azul-delicadeza e ouvi-las tocar. É isso.

Um comentário:

Michele Pupo disse...

Luciano

Tenho acompanhado suas crônicas e sentindo um grande prazer em lê-las.
Estive recentemente na Bolívia e no Peru e gostei muitíssimo do que conheci e vivenciei!
Continue nos entretendo e enriquecendo com as narrativas.

Um abraço